terça-feira, 23 de outubro de 2012

Universitário com surdez fica sem intérprete e colegas fazem greve

Aluno do curso de História está sem acompanhar as aulas desde setembro.

Humberta Carvalho
Alunos do 4º período do curso de história da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) se solidarizaram com a causa de um colega com deficiência auditiva e decidiram entrar em greve na noite da última terça-feira (16). Segundo os estudantes, desde o dia 28 de setembro, Rodrigo Nascimento Guedes, de 21 anos, está sem acompanhar as aulas por falta de uma intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Por nota, a PUC informou que já abriu vagas para o cargo. Porém, alega que mesmo diante da divulgação das mesmas, nenhum candidato se habilitou. Segundo a instituição, todas as providências estão sendo tomadas para que a contratação ocorra o quanto antes.

A representante da turma, Rosemeire Vaz, afirma que a instituição foi acionada sobre o problema 30 dias antes do antigo intérprete sair, quando ele começou a cumprir aviso prévio. Porém, até agora, não houve reposição da vaga e o colega, segundo ela, segue sem acompanhamento. “Na semana passada, o Rodrigo se reuniu com o reitor da PUC e ele prometeu um intérprete para a mesma semana, mas o profissional não apareceu”, ressalta a aluna.

Com a ajuda de um intérprete, o G1 falou com Rodrigo na quarta-feira (17). Ele disse que se sente excluído. “Estou tendo muita dificuldade. Sinto-me sozinho na sala pela falta do intérprete. Estou prejudicado na aprendizagem porque os meus colegas tentam me passar o conteúdo, mas eu não consigo compreender”, lamentou.

Direito
De acordo com o artigo 23 do Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, as instituições de educação superior “devem proporcionar aos alunos surdos os serviços de tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa em sala de aula e em outros espaços educacionais, bem como equipamentos e tecnologias que viabilizem o acesso à comunicação, à informação e à educação”.
Segundo a mãe de Rodrigo, Rosemeire Bento Nascimento Guedes, o filho perdeu 100% da audição aos dois anos, em decorrência da meningite. “Ele fica triste com a situação porque ele é muito esforçado. Trabalha e estuda para ser igual aos outros. Mas como ele não faz leitura labial, sem a intérprete fica difícil. Quando ele fez o vestibular, apresentou um laudo médico e a PUC sabia que estava recebendo um aluno com surdez”, lembra.

O maior medo da mãe é que as notas do filho caiam. E, segundo a colega Rosemeire Vaz, é justamente isso que está acontecendo. “Ele é um dos melhores alunos. Nós apresentamos muitos seminários e não tem quem reproduzir o que ele fala, então as notas estão caindo. É uma situação caótica”, diz a estudante.

Rodrigo afirma que ficou feliz com a atitude de solidariedade dos colegas e espera que a ação sirva não apenas para o intérprete volte a acompanhá-lo, mas também para que a instituição invista mais na acessibilidade. “Precisamos continuar mostrando que a acessibilidade é importante. Acho que essa ação pode gerar mais acessibilidade”, acredita.

Fonte:  G1
22/10/2012

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